O risco de lesões, pelo menos para adolescentes, é inferior ao do hóquei ou mesmo do futebol
No "karate", domínio da técnica pode impedir lesões.
Um estudo de investigadores canadianos concluiu que os pais não têm muitas razões para se preocuparem em excesso com eventuais lesões que os filhos sofram na prática do karate.
"Acho que o aspecto mais importante do estudo é o facto de o karate ser, à primeira vista, um desporto relativamente seguro para os seus praticantes, sobretudo crianças e adolescentes", comentou Merrilee Zetaruk, directora de serviço no Hospital Pediátrico de Winnipeg, no Canadá, em declarações à Reuters.
A cientista, que é também cinturão negro de karate, acrescentou que no shotokan, uma das técnicas mais populares daquela arte marcial, os praticantes exercem autocontrolo e restringem determinados golpes.
"Se [o golpe] é para a cabeça, não é suposto que esta seja atingida, se é para o corpo, pode-se tocá-lo, mas sem magoar", explicou, embora admitisse que ocorrem lesões na prática do shotokan "devido a erros e a excesso de entusiasmo".
Para determinar a frequência dessas lesões, Zetaruk e colegas analisaram os processos de 114 atletas, dando especial atenção ao sexo e idade, bem como ao número de horas de treino.
No conjunto, 76 % dos praticantes tiveram lesões no período de um ano, embora os menores de 18 anos apresentassem menos possibilidades de se lesionarem. No entanto, apenas menos de 20 % das lesões foram consideradas importantes, exigindo um afastamento dos treinos superior a sete dias, segundo o estudo, publicado no Clinical Journal of Sport Medicine.
O estudo revelou não haver diferenças significativas, no referente a lesões, entre os dois sexos, mas sim entre dois grupos de idades, até aos 18 anos e dos 18 em diante.
Os investigadores consideraram importante que o risco de lesões em crianças e adolescentes era de 5,6 %, ao passo que o risco de lesões no hóquei é de 33 %, no futebol de 7,7 %e no basebol de 2%.
Para surpresa dos investigadores, verificou-se, por outro lado, uma associação entre os graus e as lesões, com o risco a aumentar quanto maior era o grau dos praticantes, pelo menos até ao de cinturão castanho, nivelando-se a partir daí.
Zetaruk considera que o menor número de lesões sofridas por cinturões castanhos e negros poderá dever-se à sua maior perícia e controlo das técnicas de combate.
O estudo "indica que o karate é um desporto relativamente seguro para praticantes dos dois sexos, no qual a maior parte das lesões é sem importância", disseram ainda os investigadores, recomendando, embora, que até ao nível de cinturão castanho se limite o número de horas de treino por semana.
